THIAGO ARAUJO é... o Palhaço Pindaíba!

Quem vos fala neste sítio virtual é Thiago Araujo, o Palhaço Pindaíba,
contando como a vida me fez palhaço e o que, então, eu passei a fazer da vida.
Atravessei os sete mares. Itália, Alemanha, Malta... quase sete...
cruzei o Brasil de Porto Alegre a São Luís do Maranhão, Góias, Corumbá, Belo Horizonte...
Conheça o espetáculo solo "Manual de Sobrevivência na Grande Cidade"
e toda trajetória de atuação cômica deste paspalho.

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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

curriculo atualizado

CURRÍCULO PROPONENTE DADOS:Thiago AraujoRua Pastor Abreu 66Planalto Belo Horizonte/MGCEP:31720-550RG: MG7607498CPF: 037395016-00Ator -palhaçoRegistro Profissional Ministério do Trabalho: 7102Cart.Prof.: 41530 109Banco Bradesco Ag 2729-4 cc 8909-5FORMAÇÃO:1993-1997Formação Técnica em Instrumentação e Controle de Processo pelo Colégio Técnico do Centro Pedagógico da UFMG1998 – 2007(em conclusão) Bacharelado em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia / UFMGCursos e Oficinas2002 - Curso de Percussão Enxadário – Babilak Bah;2003 - Confecção de Instrumentos de Percussão com recicláveis- Rodrigo Sanches;2003 - Pandeiro – Linguinha;2002 - Confecção de Cuica – Mestre Liu;2001 - Mascaras Cazumbá - Mestre Abel;1999 - Teatro de Bonecos(ATEBEMG) – Anderson Dias2003 - Seminário - O corpo como Mídia – Festival Internacional de Dança ;2004 - Oficina de Palhaços - Cícero Silva2006 - Do riso à Lagrima – Ana Luisa Cardoso2006 – O Movimento Cênico – Autonomia do Ator – Norberto Presta2006 – VI Encontro Internacional de Teatro com Línea Transversale
2008 – Oficina “ A Nobre Arte do Palhaço” com Marcio Libar e Fabrício Dornelles, BH/MG
2008 – Oficina de palhaço com Tortel Poltrona – Festival Mundial de Circo do Brasil – Circulação 2008 BH/MG
2008 – Oficina de Aprofundamento “ o Clown e suas poéticas” com Adelvane Néia – 4 Semana Interplanetária de Palhaços 2008 BH/MG
2008 – Oficina de Aprofundamento “ O Palhaço Brasileiro” com Richard Riguetti - 4 Semana Interplanetária de Palhaços 2008 BH/MG
EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS2004 - Aniversário Benjamim de Oliveira, Aliança Terceira Margem 2004 – Comemoração dia Internacional do Palhaço, Aliança Terceira Margem 2005 - Projeto Solos de Palhaço – “ O palhaço Pindaíba vem,vem, vem ou O nascimento de Pindaíba”2005-2007 - “ Intervenções quase Espetaculares” – Apresentações em eventos, festivais, comemorações e projetos sociais 2005 - Oficina Vivência Palhaçal - Festival de Inverno de Congonhas2006 – Oficina Vivência Clow - Festival de Férias Linguagens Urbanas de Contagem 2006 – Atestado de capacitação Profissional SATED e Registro no Ministério do Trabalho2007 – concepção da performance solo “ Manual de Sobrevivência na grande cidade” Palhaço Pindaíba 2006-2007 – Coordenação Técnica da Agenda Aliança Terceira Margem – Fundação Municipal de Cultura 2007 - Roda de Palhaços - Aliança Terceira Margem , Lei Estadual de Incentivo a cultura2005-2006 - Semana Interplanetária do Palhaço , Coletivo de palhaços2007 – Apresentações do “ Manual de Sobrevivência na Grande Cidade” e participação no “ Samba Clown - Projeto Roda Mundo , Aliança Terceira Margem e Línea Transversale, Festivais Internacionais Marsciano (Úmbria/Itália), L’aquila(Abruzzo/Italia), XV Sessão do Teatro Eurasiano, Régio Calábria/Itália), TeatrausMithe (Berlim/Alemanha), 16 Festival de Samba( Coburgh/Alemanha), Sumer Festival(Ilha de Malta).
2007 – Oficina de “ Iniciação ao Palhaço” Centro Cultural da Universidade de Minas Gerais , BH/MG
2008 - Oficina de Teatro de Rua na I Semana de Arte de Urucânia/MG2008 – Apresentações “ Manual de Sobrevivência na Grande Cidade” – Parque Eldorado – Contagem/MG, 4 Semana Interplanetária de Palhaços BH/MG, Centro Cultural Vila Marçola
2008 – Mediação mesas redondas Festival “ Palhaçadas em Geral” Grupo de Teatro Andante em Belo Horizonte
2008 – Apresentação “ Manual de sobrevivência” Festival Internacional “ Palhaçadas em Geral” Grupo de Teatro Andante em Belo Horizonte
2008 – 1 ºFestival Internacional de palhaços de Mariana – Apresentador do Cabaré, e participação na intervenção de rua
“ Coletivo de Palhaços” – cenografia e intervenção , Mariana/MG

projeto de montagem do manual de sobrevivencia enviado ao premio miriam muniz

PROJETO DE MONTAGEM

“ MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA NA GRANDE CIDADE”

1 - Justificativa da necessidade do prêmio

Thiago Araújo tem trabalhado a dez anos como ator , cursado oficinas , participado de encontros sendo que nos últimos 6 anos dedica-se a arte do palhaço, construindo um olhar sobre a atuação na rua e mapeando logradouros públicos passiveis de ocupação cênica.
Graduado em ciências sociais com ênfase em antropologia escreveu uma monografia ( Antropologia do Baile Sertanejo 2005, FAFICH/UFMG) que entre outras questões históricas tratou da própria trajetória de individuação do artista popular. Do seu deslocamento do seio da festa popular aos shows espetaculares , à própria construção da imagem dos interpretes e ídolos, que dissocia o fazer artístico da própria manifestação cultural, o que levou-o a associar a imagem do palhaço a de um menestrel , que conduz a cena a partir dos vínculos de reciprocidade estabelecidos com o público.
O “ Manual de Sobrevivência é um espetáculo cômico portanto concebido diante de experiências e observações realizadas pelo ator na atuação de rua. Tem como pano de fundo a realidade de imigrantes do interior do estado para a capital, inspirado na condição de precariedade vivida pelo caipira na cidade grande, nos sonhos mirabolantes de sucesso e enriquecimento fácil, na crise de identidade e nas variações de humor, na solidão dos grandes centros, na própria capacidade adaptativa dos pobres de viverem do lixo e sobretudo de transformarem a realidade a partir da pilhéria e da poesia .
A dois anos desenvolvendo estas experiências e argumentos cômicos, baseados neste tema especifico de um “ Manual de Sobrevivência” vemos uma concepção bastante genuína se forjando, assim como a própria personalidade do palhaço que a cada momento fica mais clara diante de sua vivência na rua .
Pode –se justificar portanto a necessidade do prêmio para essa montagem pelo fato deste espetáculo ser tão “ de rua “ e para a rua, o que muitas vezes torna-se um empecilho em formatá-lo e executá-lo ao público em ambientes fechados, uma vez que, por todo seu percurso alusões e imagens associadas a realidade do artista de rua e do cidadão com trajetória de rua são feitas, reconhecendo a própria condição de vida na rua como uma estética adaptativa ou inclusiva e em (des)construção continua , um teatro que procura a todo momento abarcar a realidade do espaço público sem dissociar o expressão artística do contexto social que este se insere, uma vez que a noção de rusticidade, de artesanal, de escassez, de reciclagem se faz presente o tempo todo .

2 - Apresentação

Palhaço Pindaíba, um ator do interior resolve partir para a grande cidade atrás de um sonho, ser um artista reconhecido, popular e sobretudo, um ídolo das multidões, como sempre viu em sua telefunken na roça. No entanto ao descer do ônibus na rodoviária Pindaíba se vê aturdido pela profusão de elementos que constituem a grande cidade.

Após diversas tentativas frustradas, desastres e confusões, resolve-se por escrever um Manual de sua própria sobrevivência enquanto palhaço, na medida que percebe que seu sonho de galã é uma farsa criada por ele mesmo.

Diante da ambigüidade de sentidos e da estupefação de um tolo que redescobre a vida a cada minuto, Pindaíba apresenta seus grandes dilemas citadinos, ter um pouco de atenção sem precisar “tomar o tempo” das pessoas, quem sabe fazer amigos, até mesmo dar umas paqueradas; garantir o alimento da família, mesmo que sejam alguns pães dormidos ou até mesmo um osso roubado de um cão... sem bem que uma espinha e uma cabeça de peixe podem ser bastante salutares se servidos em uma bela tampa de papelão; seguir a etiqueta social, mesmo que sua taça de vinho seja uma lata enferrujada e seus potes de cosméticos contenham absolutamente água; administrar posses e objetos de valor, mesmo que estes sejam uma coleção de botões, uma placa de circuito, um rádio desmontado( mas funciona!!!), um monte de balas de goma grudadas pelo calor e um álbum de fotografias velhas, recortadas e remontadas; manter-se atualizado lendo jornais velhos e amassados; manter seus cadastros atualizados, mesmo que seus documentos sejam feitos por ele mesmo e ainda... conservar-se tão palhaço.

Este manual é portanto um método picaresco desenvolvido pelo Palhaço Pindaíba para se virar em meio a buzinas, motores e vendedores. Versa sobre como fazer um pouco de cada coisa ao mesmo tempo, ter sucesso na profissão e ser aceito e amado mesmo sem ser famoso .

Mesmo assim, Pindaíba se sente só na multidão e ao abrir seu álbum de família com fotos sugestivas de animais que caracterizam a personalidade de seus entes queridos reascende memórias do passado que o fazem constatar que de fato não existe sonho se não houver algo que nos faça saber quem somos, memórias, presenças, ausências, tudo isso que faz parte do que nos faz ser tão pindaíbas( Pindaíba é uma fruta da família das anonáceas – fruta do conde, pinha, articum e quem tem por característica ser de tão baixo teor calórico, que obriga o degustador a chupar muitos caroços para as vezes conseguir absorver apenas 10 calorias).

Escolha da Equipe

O diretor ( Zé Regino Oliveira) e a preparadora ( Juliana Pautilla) convidados são artistas com os quais Thiago Araújo esteve no projeto “Roda Mundo”, organizado por Línea Transversale, onde juntamente com outros atores representantes de diversos grupos, estiveram em uma viagem apresentando- se por festivais de verão na Itália, Alemanha e Malta, onde Thiago se identificou com a atualidade de seus personagens cômicos que expressam muito bem a presença do grotesco em seu comportamento cômico, trazendo uma crítica social bastante ácida quanto a chavões como vaidade, objetividade, sucesso, entre outros .
Zé Regino concluiu recentemente um mestrado em Processos Composicionais para a Cena pela Universidade Federal de Brasília, com a dissertação “ Dramaturgia de uma Atuação Cômica: o desempenho do ator na construção da cena, o que traz uma referencia riquíssima para esta montagem, tanto como diretor como dramaturgo.
O músico( Walner Lucas) é pianista e diretor musical do Circo Teatro Olho da Rua onde Thiago Araújo já trabalha a cinco anos como elenco convidado.

3 - Objetivos

- Montar o espetáculo “ Manual de Sobrevivência na Grande Cidade”.
- Reunir um repertório de gag´s e comportamentos cômicos desenvolvido em experimentações diante de um diretor dramaturgo direção.
- Reunir 02 músicos, compor e executar uma trilha sonora ao vivo .
- Desenvolver e aperfeiçoar um jogo cênico cômico que associa a sobrevivência do palhaço na rua à sobrevivência do imigrante nas metrópoles.
- Realizar quatro apresentações de estréia em municípios da região metropolitana de Belo Horizonte( Nova Lima, , Contagem, Santa Luzia, Ribeirão das Neves ) e dois minicursos, de iniciação ao teatro cômico ( 8hs) e de economia da cultura e fortalecimento institucional de grupos artístico-culturais (4hs) ministrados pelo próprio proponente.

4 - Justificativa

A carreira é o dilema, ser palhaço sem circo, fora da TV, longe das salas eruditas de teatro, pular de emprego em emprego, vendendo elixires panegíricos e produtos milagrosos, fugindo de fiscais e da polícia...
Como o palhaço pode sobreviver nessas condições nas grandes cidades ?
Como podemos nos infiltrar, colorir o fundo dos olhos, habitar imaginários, gerar afecções, contágio de perspectivas, polissemia, forçar o próprio devir palhaço? Como sobretudo reinvindicar ao palhaço o reconhecimento como artista emérito, servidor do teatro e do humor ?
Ao longo destes anos é notável o desenvolvimento , principalmente por parte de uma política nacional, da valorização do artista popular, contudo a própria ocupação do espaço público, a agregação de valor as criações e a consolidação destas obras como produtos passiveis de comercialização ainda são dilemas marcantes. Seja pelo próprio trauma histórico de preconceito , seja pela falta de acesso a informações por parte de grupos e artistas que, principalmente no interior do estado, não tem um estímulo que os conduza a auto-valorizaçao e consequentemente a uma dedicação continua a suas obras .
Desta forma, montar este roteiro não só é um estímulo ao desenvolvimento e profissionalização artística de Thiago Araújo mas também é um marco temático reflexivo sobre a existência de um horizonte tangível de dedicação do artista popular a sua obra e a sua própria inserção nas políticas públicas culturais que se descortinam no Brasil contemporâneo .

5 - Ficha técnica básica

Descrição : performance solo cômica com cenografia e trilha sonora ao vivo em logradouros públicos e espaços alternativos
Duração : aproximadamente 40 minutos
Concepção e atuação : Thiago Araújo
Direção e dramaturgia : Zé Regino ( Celeiro das Antas - DF)
Assistente de direção e preparação corporal : Juliana Pautilla (Teatro da Figura - MG)
Trilha sonora e efeitos : Walner Lucas ( teclado)
Coordenação geral : Thiago Araujo
Assistente de produção – seleção
Registro audiovisual e fotográfico – seleção
Design gráfico: Bruno Barroso

6 - Cronograma de desenvolvimento e planejamento detalhado das atividades

Etapas/metas :
1)Montagem – Contratação equipe, preparação corporal, criação trilha sonora, ensaios e estudos dirigidos , pré-estréia (geração de imagens para material de mídia )
2)Pré-produção – Contratação de serviços como som, transporte, design gráfico, impressão, elaboração material didático para minicursos agendamento estréias e contato com grupos locais para inscrição em minicursos.
3)Produção - Assessoria de imprensa e divulgação, apresentações de estréia, registro audiovisual e fotográfico e realização de minicursos.
4)Finalização – Edição de imagens e prestação de contas.

7 - Cronograma
Etapas /metas
1 mês
2 mês
3 mês
4 mês
5 mês
6 mês
Montagem
preparação corporal e ensaios
dirigidos
Ensaios
Dirigidos,
Ensaios dirigidos, trilha sonora,
Ensaio geral e Pré-estréia


Pré-produção
Contratação equipe,
material didático minicursos
Contratação serviços, agendamento estréias e contato com grupos locais
Design gráfico
Arte final Design gráfico e impressão


Produção



Assessoria de imprensa
Estréias e mini-cursos

Finalização

Edição de imagens e prestação de contas

8 - Orçamento detalhado referente ao Valor total de 30.000,00


9 - Planejamento de ações estratégicas de acesso do público

- Ensaios abertos e apresentações – dos 48 ensaios propostos, pelo menos 16 são improvisações e experiências de rua, o que por si já favorece a formação de público, além da apresentação de pré estréia, das apresentações de estréia e de intervenções cênicas que precedem as apresentações como estratégia de mobilização e divulgação da atividade na localidade que por sua vez é escolhida também de acordo com a freqüência da realização de ações cênicas.
- Apresentações em logradouros públicos com contribuição espontâneo – as apresentações são em logradouro público o que garante o acesso, mas também são realizadas numa dinâmica de valorização espontânea do trabalho o que se constitui numa dinâmica autônoma de estimulo a ação cênica.
- Veiculação em mídia ( local e regional – jornais, rádios e tv, através de entrevistas, sugestão de pauta e cobertura e mídia espontânea )
- Intervenções de mobilização – como as localidades não recebem com freqüência ações cênicas as intervenções cênicas com bonecos e ou personagem em perna de pau já se constituem em ato espetacular.
- Contato direto com grupos artístico culturais locais para participação nos minicursos.
- Minicursos – São atividades que oferecem a oportunidade a interessados e iniciantes de conhecerem um pouco do trabalho de preparação e de construção de cenas e números cômicos, estimulando novos atuantes e fortalecendo a arte cômica já desenvolvida pro praticantes locais. O minicurso de economia da cultura já traz um conjunto de conceitos nocionais sobre organização e institucionalização de grupos associativos e cooperativos, elaboração de projetos e planejamento de ações, precificação, entre outros que estimulam os grupos a conhecerem e se aprofundarem em possíveis estratégias de profissionalização.







10 - Palhaço Pindaíba em “ Manual de sobrevivência na grande cidade “


Música Tema

Viver na grande cidade, pode ser tão belo e agradável !
Viver na grande cidade pode ser brilhante e tão fascinante!
Viver na grande cidade pode se dar mal, pode ser mortal, levar a loucura, é horripilante!
Não se incomodar, não se deprimir, não se desgastar , não se estressar.
Se sabe sonhar, se sabe voar...
Voar pela grande cidade!


Argumento

O palhaço quando retorna a rua precisa de encontrar uma forma de sobreviver, principalmente quando existe uma cultura erudita hegemônica que o considera expressão menor da arte.
Mesmo se esforçando para ser aceito ele pode ser engolido pelo fluxo dos grandes centros, confundido com um vagabundo e até com um gatuno, quando pego olhando guloseimas em vitrines.
Muitas vezes pode ser flagrado disputando atenção com vendedores e concorrendo, como de fato acontece, quando tenta vender produtos criados por ele mesmo.
São ações singelas e sublimes que o fazem perceber que um palhaço, um palhaço mesmo, não precisa de muitas coisas para ser aceito em meio a multidão, talvez um sapato 45, uma bola vermelha no nariz, talvez nem isso...
Um palhaço precisa sobretudo de grandes motivos, mesmo que seja para se dispersar por pequenas detalhes, salvar uma vida, procurar comida, denunciar a corrupção...se encantar com uma flor de plástico, fazer um grande jantar com uma foto de um prato delicioso, enfim... ser ambíguo e estúpido, como todo ser humano, talvez um pouco mais estúpido, nunca menos ambíguo.
Pindaíba é um destes artistas incompreendidos, principalmente porque sabe que o sucesso pertence aqueles que sabem enganar a massa, escritores de livros de auto-ajuda, atores de peças montadas e remontadas milhares de vezes, cantores de opera que não sabem se virar sem a marca, a bendita marca.
Isso é o que Pindaíba não sabe fazer, enganar o público, por isso sempre se encontra em situações embaraçosas, puro risco à sua seriedade que ele mesmo não consegue manter.
Descobrir que a grande cidade não é só um paraíso de oportunidades, mas é também um lugar de passagem. Principalmente porque de noite, ninguém fica pra saber como é, ainda mais quando percebe que se não se tem dinheiro para consumir, mesmo que se tente disfarçar, alguém sempre acaba descobrindo, mesmo que seu terno esteja impecável, meio puído e remendado talvez e que seu sapato esteja encerado, com seu brilhante dedão a mostra .
Para um palhaço se virar na capital, só mesmo com um Manual, um Manual de Sobrevivência na Grande Cidade, como saber fazer um pouco de tudo ao mesmo tempo , como ter sucesso na profissão ( Pindaíba experimenta ser pedicure, faxineiro de museu, vendedor de topa tudo, fotografo, tomador de conta de balões, alfaiate, entre outras).
Mas quando não se tem para onde voltar, ou para onde ir, dá no mesmo, a coisa pode se complicar, viver dentro de uma mala, ter um caixote como mesa, uma lata velha como copo... isso é que é vida de artista na grande cidade?

projeto de montagem do manual de sobrevivencia enviado ao premio miriam muniz

PROJETO DE MONTAGEM

“ MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA NA GRANDE CIDADE”

1 - Justificativa da necessidade do prêmio

Thiago Araújo tem trabalhado a dez anos como ator , cursado oficinas , participado de encontros sendo que nos últimos 6 anos dedica-se a arte do palhaço, construindo um olhar sobre a atuação na rua e mapeando logradouros públicos passiveis de ocupação cênica.
Graduado em ciências sociais com ênfase em antropologia escreveu uma monografia ( Antropologia do Baile Sertanejo 2005, FAFICH/UFMG) que entre outras questões históricas tratou da própria trajetória de individuação do artista popular. Do seu deslocamento do seio da festa popular aos shows espetaculares , à própria construção da imagem dos interpretes e ídolos, que dissocia o fazer artístico da própria manifestação cultural, o que levou-o a associar a imagem do palhaço a de um menestrel , que conduz a cena a partir dos vínculos de reciprocidade estabelecidos com o público.
O “ Manual de Sobrevivência é um espetáculo cômico portanto concebido diante de experiências e observações realizadas pelo ator na atuação de rua. Tem como pano de fundo a realidade de imigrantes do interior do estado para a capital, inspirado na condição de precariedade vivida pelo caipira na cidade grande, nos sonhos mirabolantes de sucesso e enriquecimento fácil, na crise de identidade e nas variações de humor, na solidão dos grandes centros, na própria capacidade adaptativa dos pobres de viverem do lixo e sobretudo de transformarem a realidade a partir da pilhéria e da poesia .
A dois anos desenvolvendo estas experiências e argumentos cômicos, baseados neste tema especifico de um “ Manual de Sobrevivência” vemos uma concepção bastante genuína se forjando, assim como a própria personalidade do palhaço que a cada momento fica mais clara diante de sua vivência na rua .
Pode –se justificar portanto a necessidade do prêmio para essa montagem pelo fato deste espetáculo ser tão “ de rua “ e para a rua, o que muitas vezes torna-se um empecilho em formatá-lo e executá-lo ao público em ambientes fechados, uma vez que, por todo seu percurso alusões e imagens associadas a realidade do artista de rua e do cidadão com trajetória de rua são feitas, reconhecendo a própria condição de vida na rua como uma estética adaptativa ou inclusiva e em (des)construção continua , um teatro que procura a todo momento abarcar a realidade do espaço público sem dissociar o expressão artística do contexto social que este se insere, uma vez que a noção de rusticidade, de artesanal, de escassez, de reciclagem se faz presente o tempo todo .

2 - Apresentação

Palhaço Pindaíba, um ator do interior resolve partir para a grande cidade atrás de um sonho, ser um artista reconhecido, popular e sobretudo, um ídolo das multidões, como sempre viu em sua telefunken na roça. No entanto ao descer do ônibus na rodoviária Pindaíba se vê aturdido pela profusão de elementos que constituem a grande cidade.

Após diversas tentativas frustradas, desastres e confusões, resolve-se por escrever um Manual de sua própria sobrevivência enquanto palhaço, na medida que percebe que seu sonho de galã é uma farsa criada por ele mesmo.

Diante da ambigüidade de sentidos e da estupefação de um tolo que redescobre a vida a cada minuto, Pindaíba apresenta seus grandes dilemas citadinos, ter um pouco de atenção sem precisar “tomar o tempo” das pessoas, quem sabe fazer amigos, até mesmo dar umas paqueradas; garantir o alimento da família, mesmo que sejam alguns pães dormidos ou até mesmo um osso roubado de um cão... sem bem que uma espinha e uma cabeça de peixe podem ser bastante salutares se servidos em uma bela tampa de papelão; seguir a etiqueta social, mesmo que sua taça de vinho seja uma lata enferrujada e seus potes de cosméticos contenham absolutamente água; administrar posses e objetos de valor, mesmo que estes sejam uma coleção de botões, uma placa de circuito, um rádio desmontado( mas funciona!!!), um monte de balas de goma grudadas pelo calor e um álbum de fotografias velhas, recortadas e remontadas; manter-se atualizado lendo jornais velhos e amassados; manter seus cadastros atualizados, mesmo que seus documentos sejam feitos por ele mesmo e ainda... conservar-se tão palhaço.

Este manual é portanto um método picaresco desenvolvido pelo Palhaço Pindaíba para se virar em meio a buzinas, motores e vendedores. Versa sobre como fazer um pouco de cada coisa ao mesmo tempo, ter sucesso na profissão e ser aceito e amado mesmo sem ser famoso .

Mesmo assim, Pindaíba se sente só na multidão e ao abrir seu álbum de família com fotos sugestivas de animais que caracterizam a personalidade de seus entes queridos reascende memórias do passado que o fazem constatar que de fato não existe sonho se não houver algo que nos faça saber quem somos, memórias, presenças, ausências, tudo isso que faz parte do que nos faz ser tão pindaíbas( Pindaíba é uma fruta da família das anonáceas – fruta do conde, pinha, articum e quem tem por característica ser de tão baixo teor calórico, que obriga o degustador a chupar muitos caroços para as vezes conseguir absorver apenas 10 calorias).

Escolha da Equipe

O diretor ( Zé Regino Oliveira) e a preparadora ( Juliana Pautilla) convidados são artistas com os quais Thiago Araújo esteve no projeto “Roda Mundo”, organizado por Línea Transversale, onde juntamente com outros atores representantes de diversos grupos, estiveram em uma viagem apresentando- se por festivais de verão na Itália, Alemanha e Malta, onde Thiago se identificou com a atualidade de seus personagens cômicos que expressam muito bem a presença do grotesco em seu comportamento cômico, trazendo uma crítica social bastante ácida quanto a chavões como vaidade, objetividade, sucesso, entre outros .
Zé Regino concluiu recentemente um mestrado em Processos Composicionais para a Cena pela Universidade Federal de Brasília, com a dissertação “ Dramaturgia de uma Atuação Cômica: o desempenho do ator na construção da cena, o que traz uma referencia riquíssima para esta montagem, tanto como diretor como dramaturgo.
O músico( Walner Lucas) é pianista e diretor musical do Circo Teatro Olho da Rua onde Thiago Araújo já trabalha a cinco anos como elenco convidado.

3 - Objetivos

- Montar o espetáculo “ Manual de Sobrevivência na Grande Cidade”.
- Reunir um repertório de gag´s e comportamentos cômicos desenvolvido em experimentações diante de um diretor dramaturgo direção.
- Reunir 02 músicos, compor e executar uma trilha sonora ao vivo .
- Desenvolver e aperfeiçoar um jogo cênico cômico que associa a sobrevivência do palhaço na rua à sobrevivência do imigrante nas metrópoles.
- Realizar quatro apresentações de estréia em municípios da região metropolitana de Belo Horizonte( Nova Lima, , Contagem, Santa Luzia, Ribeirão das Neves ) e dois minicursos, de iniciação ao teatro cômico ( 8hs) e de economia da cultura e fortalecimento institucional de grupos artístico-culturais (4hs) ministrados pelo próprio proponente.

4 - Justificativa

A carreira é o dilema, ser palhaço sem circo, fora da TV, longe das salas eruditas de teatro, pular de emprego em emprego, vendendo elixires panegíricos e produtos milagrosos, fugindo de fiscais e da polícia...
Como o palhaço pode sobreviver nessas condições nas grandes cidades ?
Como podemos nos infiltrar, colorir o fundo dos olhos, habitar imaginários, gerar afecções, contágio de perspectivas, polissemia, forçar o próprio devir palhaço? Como sobretudo reinvindicar ao palhaço o reconhecimento como artista emérito, servidor do teatro e do humor ?
Ao longo destes anos é notável o desenvolvimento , principalmente por parte de uma política nacional, da valorização do artista popular, contudo a própria ocupação do espaço público, a agregação de valor as criações e a consolidação destas obras como produtos passiveis de comercialização ainda são dilemas marcantes. Seja pelo próprio trauma histórico de preconceito , seja pela falta de acesso a informações por parte de grupos e artistas que, principalmente no interior do estado, não tem um estímulo que os conduza a auto-valorizaçao e consequentemente a uma dedicação continua a suas obras .
Desta forma, montar este roteiro não só é um estímulo ao desenvolvimento e profissionalização artística de Thiago Araújo mas também é um marco temático reflexivo sobre a existência de um horizonte tangível de dedicação do artista popular a sua obra e a sua própria inserção nas políticas públicas culturais que se descortinam no Brasil contemporâneo .

5 - Ficha técnica básica

Descrição : performance solo cômica com cenografia e trilha sonora ao vivo em logradouros públicos e espaços alternativos
Duração : aproximadamente 40 minutos
Concepção e atuação : Thiago Araújo
Direção e dramaturgia : Zé Regino ( Celeiro das Antas - DF)
Assistente de direção e preparação corporal : Juliana Pautilla (Teatro da Figura - MG)
Trilha sonora e efeitos : Walner Lucas ( teclado)
Coordenação geral : Thiago Araujo
Assistente de produção – seleção
Registro audiovisual e fotográfico – seleção
Design gráfico: Bruno Barroso

6 - Cronograma de desenvolvimento e planejamento detalhado das atividades

Etapas/metas :
1)Montagem – Contratação equipe, preparação corporal, criação trilha sonora, ensaios e estudos dirigidos , pré-estréia (geração de imagens para material de mídia )
2)Pré-produção – Contratação de serviços como som, transporte, design gráfico, impressão, elaboração material didático para minicursos agendamento estréias e contato com grupos locais para inscrição em minicursos.
3)Produção - Assessoria de imprensa e divulgação, apresentações de estréia, registro audiovisual e fotográfico e realização de minicursos.
4)Finalização – Edição de imagens e prestação de contas.

7 - Cronograma
Etapas /metas
1 mês
2 mês
3 mês
4 mês
5 mês
6 mês
Montagem
preparação corporal e ensaios
dirigidos
Ensaios
Dirigidos,
Ensaios dirigidos, trilha sonora,
Ensaio geral e Pré-estréia


Pré-produção
Contratação equipe,
material didático minicursos
Contratação serviços, agendamento estréias e contato com grupos locais
Design gráfico
Arte final Design gráfico e impressão


Produção



Assessoria de imprensa
Estréias e mini-cursos

Finalização

Edição de imagens e prestação de contas


8 - Orçamento detalhado referente ao Valor total de 30.000,00

9 - Planejamento de ações estratégicas de acesso do público

- Ensaios abertos e apresentações – dos 48 ensaios propostos, pelo menos 16 são improvisações e experiências de rua, o que por si já favorece a formação de público, além da apresentação de pré estréia, das apresentações de estréia e de intervenções cênicas que precedem as apresentações como estratégia de mobilização e divulgação da atividade na localidade que por sua vez é escolhida também de acordo com a freqüência da realização de ações cênicas.
- Apresentações em logradouros públicos com contribuição espontâneo – as apresentações são em logradouro público o que garante o acesso, mas também são realizadas numa dinâmica de valorização espontânea do trabalho o que se constitui numa dinâmica autônoma de estimulo a ação cênica.
- Veiculação em mídia ( local e regional – jornais, rádios e tv, através de entrevistas, sugestão de pauta e cobertura e mídia espontânea )
- Intervenções de mobilização – como as localidades não recebem com freqüência ações cênicas as intervenções cênicas com bonecos e ou personagem em perna de pau já se constituem em ato espetacular.
- Contato direto com grupos artístico culturais locais para participação nos minicursos.
- Minicursos – São atividades que oferecem a oportunidade a interessados e iniciantes de conhecerem um pouco do trabalho de preparação e de construção de cenas e números cômicos, estimulando novos atuantes e fortalecendo a arte cômica já desenvolvida pro praticantes locais. O minicurso de economia da cultura já traz um conjunto de conceitos nocionais sobre organização e institucionalização de grupos associativos e cooperativos, elaboração de projetos e planejamento de ações, precificação, entre outros que estimulam os grupos a conhecerem e se aprofundarem em possíveis estratégias de profissionalização.







10 - Palhaço Pindaíba em “ Manual de sobrevivência na grande cidade “


Música Tema

Viver na grande cidade, pode ser tão belo e agradável !
Viver na grande cidade pode ser brilhante e tão fascinante!
Viver na grande cidade pode se dar mal, pode ser mortal, levar a loucura, é horripilante!
Não se incomodar, não se deprimir, não se desgastar , não se estressar.
Se sabe sonhar, se sabe voar...
Voar pela grande cidade!


Argumento

O palhaço quando retorna a rua precisa de encontrar uma forma de sobreviver, principalmente quando existe uma cultura erudita hegemônica que o considera expressão menor da arte.
Mesmo se esforçando para ser aceito ele pode ser engolido pelo fluxo dos grandes centros, confundido com um vagabundo e até com um gatuno, quando pego olhando guloseimas em vitrines.
Muitas vezes pode ser flagrado disputando atenção com vendedores e concorrendo, como de fato acontece, quando tenta vender produtos criados por ele mesmo.
São ações singelas e sublimes que o fazem perceber que um palhaço, um palhaço mesmo, não precisa de muitas coisas para ser aceito em meio a multidão, talvez um sapato 45, uma bola vermelha no nariz, talvez nem isso...
Um palhaço precisa sobretudo de grandes motivos, mesmo que seja para se dispersar por pequenas detalhes, salvar uma vida, procurar comida, denunciar a corrupção...se encantar com uma flor de plástico, fazer um grande jantar com uma foto de um prato delicioso, enfim... ser ambíguo e estúpido, como todo ser humano, talvez um pouco mais estúpido, nunca menos ambíguo.
Pindaíba é um destes artistas incompreendidos, principalmente porque sabe que o sucesso pertence aqueles que sabem enganar a massa, escritores de livros de auto-ajuda, atores de peças montadas e remontadas milhares de vezes, cantores de opera que não sabem se virar sem a marca, a bendita marca.
Isso é o que Pindaíba não sabe fazer, enganar o público, por isso sempre se encontra em situações embaraçosas, puro risco à sua seriedade que ele mesmo não consegue manter.
Descobrir que a grande cidade não é só um paraíso de oportunidades, mas é também um lugar de passagem. Principalmente porque de noite, ninguém fica pra saber como é, ainda mais quando percebe que se não se tem dinheiro para consumir, mesmo que se tente disfarçar, alguém sempre acaba descobrindo, mesmo que seu terno esteja impecável, meio puído e remendado talvez e que seu sapato esteja encerado, com seu brilhante dedão a mostra .
Para um palhaço se virar na capital, só mesmo com um Manual, um Manual de Sobrevivência na Grande Cidade, como saber fazer um pouco de tudo ao mesmo tempo , como ter sucesso na profissão ( Pindaíba experimenta ser pedicure, faxineiro de museu, vendedor de topa tudo, fotografo, tomador de conta de balões, alfaiate, entre outras).
Mas quando não se tem para onde voltar, ou para onde ir, dá no mesmo, a coisa pode se complicar, viver dentro de uma mala, ter um caixote como mesa, uma lata velha como copo... isso é que é vida de artista na grande cidade?