THIAGO ARAUJO é... o Palhaço Pindaíba!

Quem vos fala neste sítio virtual é Thiago Araujo, o Palhaço Pindaíba,
contando como a vida me fez palhaço e o que, então, eu passei a fazer da vida.
Atravessei os sete mares. Itália, Alemanha, Malta... quase sete...
cruzei o Brasil de Porto Alegre a São Luís do Maranhão, Góias, Corumbá, Belo Horizonte...
Conheça o espetáculo solo "Manual de Sobrevivência na Grande Cidade"
e toda trajetória de atuação cômica deste paspalho.

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

laboratorio de teatro de rua

Tribo de Atuadores -Laboratorio de Teatro de Rua
Por thiago Araújo
Proposta de oficina de Teatro com abordagem especial ao conceito e a experiência performática aliada a ocupação cênica de espaços públicos e alternativos, dentro de uma premissa de construção da presença do ator dentro de uma perspectiva de potencialização das reações instantâneas e de estimulo ao improviso.Consiste basicamente em realizar jogos que promovam a disponibilidade dos corpos e o estimulo a criação de cenas e ou ações dentro das noções de performance e teatro de rua .
Sobre Performance
Performance é um termo bastante genérico que designa movimento e desempenho, contudo em teatro, performance trás um sentido de fusão de linguagens, intertextualidades em experimentação, discernimento do fazer em detrimento da representação da ação( Artaud), algo como o rompimento com o real, em busca do presente. Oferece também uma outra qualidade de atenção, onde ator e espectador vão construir juntos a ação cênica, hipérboles e inversões que confrontam o espectador com o fazer , a performatividade para fora do personagem ( Sheckner).Existe um sentido concebido, contudo sem ser tão determinista quanto se espera. São momentos em que se confrontam o risco real e a surpresa do risco, acontecimentalidade, abertura do processo, ludicidade do acontecimento.Derrida insere ainda a noção de sucesso e fracasso, porque a obra performativa pode ou não atingir o sentido visado. Portanto, o teatro trás este avanço ao conceito de performatividade, o valor do risco explicito, o fracasso, a presença de idéias/força no cerne da obra, adaptação continua e subversão de signos, fuga a representação mimética, dentro e fora da representação, desconstroi sentido, signo, linguagem, abre espaço para ver o sentido surgir no presente, a força criadora, que distorce as imagens para dizer outra coisa, o teatro performativo portanto amplia para a simultaneidade, para uma ludicidade capaz de se contradizer e se complementar.Existe de alguma forma uma linha de fratura que rompe com o tributo ao texto, presente no teatro tradicional, um rastro apenas, que permite ao espectador refaze-lo sem se prender a uma dramaturgia acabada.O ato da performance na verdade da uma projeção diferenciada ao processo em detrimento do resultado. O ator é chamado a fazer, afirmar a performatividade a dissolver e desconstruir permanentemente os signos , uma estética de presença em cena, fazer o ato cênico acontecer por uma lógica interna, tomando distância de uma noção de representação dada, a aplicação de uma outra qualidade de teatralidade.Esvaziar o conteúdo da obra e permitir que do real se revele o presente. Os objetos são resignificados a toda hora e cada elemento estrangeiro que chega, encontra tempo e espaço para se somar ao sistema performativo. Recebe a influência dos elementos que já se encontram em interação , que se sobrepõe, sempre se ligando e cambiando o ponto de vista vigente, como uma ação em perspectiva que modifica a cada momento seu intento.
Fragmentos Sobre Teatro de Rua
Teatro se descobre no próprio corpo, é energia para se ativar impulsos de expressividade e criação de movimentos – ação. É poder de se comunicar .Existem estilos, técnicas e linguagens diversas que exigem experiência e conhecimento especifico, mas que não passam de caminhos por onde o ator pode se desenvolver.É necessário oferecer-se com disponibilidade para se descobrir, interagir e jogar.Não comparar o próprio desempenho com o de outro, observa-lo com atenção, refletir, mas nunca se comparar. Cada um é o que é e chega onde tem condições de chegar, querer ser o outro é pura ilusão.Ocupar o espaço, projetar-se no movimento do corpo, dilatar o corpo e os sentidos, interagir com os parceiros e com o público. São elementos básicos de um estado de presença que ultrapassa a dramaturgia da cena proposta. A dramaturgia alcança projeção na medida que se integra e reflete a performance do corpo do ator, que atesta a energia com que se faz presente. Expandir, alargar, dilatar, soltar, esticar, liberar, fluir , abrir são termos que definem o ato de permitir que um impulso físico se converta em expressão, imagem e ação.Ocupar, firmar, equilibrar, em conjunto com os termos já citados designam também o ato de transformar e ocupar o espaço cênico, tanto com a inserção de signos físicos, arquitetônicos, cenográficos, quanto signos simbólicos, movimento, gesto, ação, olhar, delimitar o espaço com o próprio corpo.
Alguns dinâmicas e jogos que trazem referências de ocupação de espaço cênico, interatividade e disponibilidade corporal:
Posições em que o corpo tremula nas articulações
Torção da coluna
Movimentos básicos de abrir e fechar braços e pernas atentos a respiração
Com o balão , dançar em pares sem deixar cair, senti-lo na pele, enche-lo até estourar, prensa-lo no corpo do parceiro;
Dilatar articulações, massageá-las, arejá-las, senti-las como conjunto;
Deitados e sentados no solo, perceber o volume do tronco, buscar referencia na base do quadril;
Dançar livremente de acordo com os ritmos que o pout pourri musical propõem, trocar os figurinos de acordo com o que o repertório musical traz a cada ritmo;
Realizar ações repetitivas em velocidades alternadas ;
Gato e rato com olhos vendados tendo os outros atores como muro de proteção ;
Identificar comportamentos arquetipicos, transfigura-los em objetos e a medida que usar o objeto contrair tais comportamentos;
Jogos em dupla, espelho alternado, o que gosta e o que não gosta, ação e reação, conduzir o parceiro de olhos vendados;
Batalha de bandos com sons rítmicos;
Comunicação com o olhar a distância;
Representar quem é, onde está, o que faz;
Hiperbole e exageração de ações e sentidos;
Outras...
Thiago Araújo, palhaço desde 2000, antropólogo e ativista cultural, participou do Espetáculo “Intervenções Quase Espetaculares” no Teatro Terceira Margem, de projetos como “Roda de Palhaços”, “Roda Mundo” e “Agenda Terceira Margem”, Montou o nascimento de Pindaíba ou o Palhaço Pindaíba vem,vem,vem... e recentemente com o espetáculo “Manual de sobrevivência na grande cidade” apresentou-se na XV sessão do teatro eurasiano na Itália, sempre conservando a ocupação de espaços públicos como premissa.