THIAGO ARAUJO é... o Palhaço Pindaíba!

Quem vos fala neste sítio virtual é Thiago Araujo, o Palhaço Pindaíba,
contando como a vida me fez palhaço e o que, então, eu passei a fazer da vida.
Atravessei os sete mares. Itália, Alemanha, Malta... quase sete...
cruzei o Brasil de Porto Alegre a São Luís do Maranhão, Góias, Corumbá, Belo Horizonte...
Conheça o espetáculo solo "Manual de Sobrevivência na Grande Cidade"
e toda trajetória de atuação cômica deste paspalho.

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

fotos do palhaco pindaiba no web picasa!

meu album de fotos na web picasa, endereco : http://picasaweb.google.com.br/home?hl=pt-BR

Laboratório de Dramaturgia Cômica: Dádiva e Performance na Arte de Palhaços

O Laboratório de Dramaturgia Cômica: Dádiva e Performance na Arte de Palhaços é uma concepção do ator, palhaço e antropólogo Thiago Araujo, atividade baseada em pesquisas e no processo de formação do criador que por sua vez precede um processo de iniciação ao palhaço, um processo de cortes verticais - profundos e delicados - que exige conhecimentos e noções preliminares como as oferecidas neste laboratório.

O objetivo deste laboratório é proporcionar um contato horizontal àqueles que se interessam pelo assunto. A partir da fundamentação em autores e mestres com os quais o palhaço maestro esteve ao longo de seu processo formativo, propõem-se atividades teórico-práticas de experimentação; aplicação de técnicas básicas de palhaçaria clássica e princípios cômicos associados a técnicas de ocupação cênica e dilatação corporal.

Para o presente trabalho, existe uma consideração quanto ao pré-requisito de disponibilidade a atividade corporal intensa, mas não há exigência quanto à realização de experiências anteriores.


Metodologia

Descrição

São utilizadas técnicas de teatro físico, pantomima, improvisação e contato (aplicadas em jogos individuais, em dupla e coletivos); estímulos a referências individuais de comicidade; sugestões de ações cotidianas em hipérbole, de sentidos para a criação de máscaras faciais e corporais, com base nos eixos de experimentação apresentados abaixo:

Palhaçaria: entradas, triangulação, espécies do cômico, o tempo cômico, arquétipos circenses (Branco, Toni, Augusto, Messiê e Matrona), cascata e quedas, estado extra-cotidiano, escovada de palhaço, uso da menor máscara do mundo, gags e chistes verbais, descoberta do ridículo/risível, IAS (Intenção, Ação e Surpresa), relação desejo e poder – escadas cômicas, graus do sentido, dentre outros.

Ocupação cênica: dilatação das articulações, concentração difusa, arquitetura da performance, improviso e abordagem face a face, generosidade e reciprocidade na delimitação da ação cênica de rua, etc.






Alguns conceitos Trabalhados pelo Palhaço Maestro



Ocupação cênica

Ocupar o espaço, projetar-se no movimento, dilatar o corpo e os sentidos, interagir com os parceiros e com o público - são elementos básicos de um estado de presença que ultrapassa a dramaturgia da cena proposta. A dramaturgia alcança projeção na medida em que se integra e reflete a performance do corpo do ator, que atesta a energia com que se faz presente. Expandir, alargar, dilatar, soltar, esticar, liberar, fluir, abrir... são termos que definem o ato de permitir que um impulso físico se converta em expressão, imagem e ação.

Ocupar, firmar, equilibrar, em conjunto com os termos já citados designam também o ato de transformar e se fazer presente no espaço cênico tanto com a inserção de signos físicos (arquitetônicos, cenográficos), quanto signos simbólicos (movimento, gesto, ação, olhar, delimitação do espaço com o próprio corpo).


Performance

Performance é um termo bastante genérico que designa movimento e desempenho. Contudo, em teatro, performance traz um sentido de fusão de linguagens, intertextualidades em experimentação, discernimento do fazer em detrimento da representação da ação (Artaud) - algo como o rompimento com o real em busca do presente. Oferece também, uma outra qualidade de atenção, onde ator e espectador vão construir juntos a ação cênica - hipérboles e inversões que confrontam o público com o fazer, a performatividade para fora do personagem (Sheckner).

Em se tratando do estudo do cômico, a performance encerra um sentido concebido sem ser, contudo, tão determinista quanto se espera. Tratam-se de momentos em que se confrontam o risco real e a surpresa do risco, a acontecimentalidade, a abertura do processo, a ludicidade do acontecimento.

O ato da performance na verdade, dá uma projeção diferenciada ao processo, em detrimento do resultado. O ator é chamado a afirmar a performatividade, a dissolver e desconstruir permanentemente os signos - uma estética de presença em cena - a fazer o ato cênico acontecer por uma lógica interna, tomando distância de uma noção de representação dada à aplicação de uma outra qualidade de teatralidade.



O riso como objeto de estudo

A cada dia, deparo-me com um horizonte cada vez mais vasto sobre a ocorrência do riso e do risível como objeto de estudo. Seu uso é requisitado não só na cena, mas no discurso, em ações transgressoras e rebeldes, nos jogos e brincadeiras, nas imagens publicitárias, na conversa de amigos, na reprodução de preconceitos, dentre outras situações.

Ao descobrir o uso e abuso do riso, sua capacidade de fazer jorrar sentido onde a palavra não chega e até o próprio exercício filosófico de se deparar com a noção do impensável, uma reflexão recorrente sobre o antinômio ordem-desordem se revela, assim como fazemos também na estrutura cênica cômica: estabelecemos um padrão para rompê-lo e construímos, assim, o sentido do ato cômico.

Zé Regino - ator, diretor e palhaço do Celeiro das Antas Cia do Riso (Brasília/DF) - desenvolveu um estudo muito interessante sobre os padrões de chiste definidos por Freud. E vemos que eles encontram congruências com outras analises feitas: seja entre os índicos, analisados por Pierre Clastres, que observa a possibilidade de brincar com o temor aos veneráveis mitos, seja em Bakhtin, que aponta a existência de um cânone cômico presente na liturgia católica medieval, ou até mesmo em Bataille, que assume o riso como o ápice do pensamento filosófico.

Agora, pretendo associar estes olhares sobre o risível como objeto, com um possível estudo sobre os que fazem rir, ou seja: Como engendram estes arquétipos e derives cômicos em seus procedimentos? E quando o fazem em última instância, o que buscam? Um tipo de ritual cômico que envolve o público? Uma demarcação de sentido que libera estes eflúvios repressores?

Busco descobrir o que podemos inferir em termos antropológicos sobre esse impulso, essa iniciativa de fazer rir, não só como uma referência de um ofício que acumula e supera a própria técnica, mas também como desejo, impulso, ritual... enfim, expandir ainda mais nossas noções sobre o mundo do riso e da pilheria.


Sobre a motivação de fazer rir

Oferecer-se como motivo de riso é um ato derrisório à honra do anonimato, à discrição e ao comportamento exemplar. São acumulados a estados de arte que constituem o ofício do histrião. A manipulação do sentido, relação com objetos, máscaras de reações, provocações e outras tantas, são técnicas que dão efeito de revelação de sentidos ocultos e contraditórios, desmascaramento, metaforização, ironização, aceleração etc - habilidades adquiridas na dedicação do ofício, mas fundamentadas pela intenção de troca entre ator (que captura da cultura suas imagens e motivações) e espectador (que reconhece esta associação e retribui com sua presença pelo riso).